segunda-feira, 18 de abril de 2011

Amén. A Igreja Católica Apoiou o Nazismo!

amenHá poucos dias, terminei de ler O Anticristo do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Nietzsche faz uma crítica feroz contra o cristianismo e, entre outras coisas, acusa-o de falsificar a natureza em nome da existência da igreja enquanto centro de poder. Tal falsificação seria uma herança direta do judaísmo, religião que Nietzsche acusa o cristianismo de “copiar e piorar” no sentido de que o Deus que simbolizava a união e a força dos judeus passa a ser o Deus dos fracos, daqueles que negam a realidade e a própria natureza em nome da promessa dúbia de uma “recompensa após a morte”.

Antes que o leitor canse do papo filosófico from hell e recorra ao ALT+F4, saiba que o diretor grego Costa-Gravas explora parte do conflito cristianismo x judaísmo no filme Amen. (há, de fato, um “ponto final” no título do filme, recurso gráfico que faz sentido dentro da história quando vemos o quanto a palavra da Igreja Católica “põe fim” em várias vidas).

Amen. é ambientado durante a Segunda Guerra Mundial e dramatiza uma suposta conivência da Igreja Católica com o nazismo e com o holocausto. A história é centrada no oficial da SS Kurt Gerheim (Ulrich Tukur) e no padre católico Ricardo Fontana (Matthieu Kassovitz). Gerheim descobre que seu trabalho de sanitização está sendo usado como base para um projeto de extermínio de judeus em câmeras de gás e recorre ao padre Fontana para que ele leve a denúncia ao Vaticano. Fontana esbarra na suposta “neutralidade” que a Igreja adota frente ao problema, posição que é mostrada como resultado direto do apoio católico ao governo alemão por sua luta contra o comunismo e pelo combate ao judaísmo.

Costa-Gravas trabalha a idéia de conivência através da máxima de que não fazer nada também é assumir um posicionamento. Enquanto o clero aproveita refeições fartas e conversa sobre assuntos de menor importância, o diretor mostra trens que vão e voltam levando vagões lotados de judeus para serem executados. Se o filme é polêmico por ligar Igreja Católica e Nazismo, ele também é redentor para católicos e alemães por mostrar que haviam vozes discordantes dentro desses grupos, pessoas que colocaram suas vidas em risco para tentar parar o holocausto.

Repleto de discursos e situações que estimulam revolta e inconformismo, Amen. trabalha com um tema delicado mas o faz procurando não abrir mão dos “fatos” em nome da possibilidade de persuadir o espectador. Optando por apresentar os dois lados do problema, Costa-Gravas tanto ganha credibilidade quanto consegue criar uma história interessante. Assim como as teorias de Nietzsche, Amen. não deve ser visto como um fim, mas sim como um meio para a compreensão de um tema complexo sobre o qual nunca é demais saber um pouco mais.

* LucianF

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